quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A PRINCESINHA DE NATAL

O bairro da Ribeira é desde o início de sua formação um conjunto heterogêneo de poesia, história, arquitetura, mitos e pessoas. As funções desses elementos concentrados em um único espaço geográfico geraram um lugar extraordinário e profundamente rico em cultura, espécie humana, lendas, edifícios imponentes e uma singular importância no desenvolvimento urbano do município.


Aqui, o futuro tem início em construções com séculos de existência. Edifícios antigos se espalham por toda região histórica da cidade, transformando o local em uma imensa máquina do tempo, que nos transporta aos dias distantes dos nossos ancestrais.
O complexo arquitetônico mais impressionante da Ribeira atravessa toda a Avenida Duque de Caxias a partir dos prédios da Delegacia Fiscal, Igreja do Bom Jesus, Grande Hotel, Associação Comercial, Casa de Januário Cicco, Junta Comercial, Teatro Alberto Maranhão, antiga Faculdade de Direito e a primeira sede da Escola Doméstica. Um corredor histórico que continua na antiga Avenida Junqueira Aires, atual Câmara Cascudo, com o prédio do jornal A República, a residência do historiador Câmara Cascudo, o Solar Bela Vista, a Capitania das Artes, o prédio da Ordem dos Advogados do Brasil/RN, a Prefeitura, o antigo Palácio do Governo, o Instituto Histórico e Geográfico/RN e antiga Catedral.


Fechando esse ciclo fantástico que é a Ribeira, não poderíamos deixar de falar em sua gente. Aqui, floresceu um povo pacífico, acolhedor, que não conhece armas e que cultiva a paz entre seus semelhantes. Uma raça mesmo assim forte, que não foge a luta e que sabe ser soberana contra a tirania alheia. Uma gente que colaborou com os soldados americanos na campanha contra a fúria de Adolf Hitler – na Segunda Grande Guerra.
Um povo inteligente, criativo e que de suas entranhas nasceram homens como Pedro Velho, Ferreira Itajubá, Newton Navarro, Henrique Castriciano, Aderbal de França, Erasmo Xavier, Januário Cicco, Câmara Cascudo e tantos outros que amaram essa terra e viveram para ela.
O bairro da Ribeira, enfim, reflete através de seu patrimônio humano, histórico, arquitetônico e de seu traçado urbano, os quatro séculos de história desse município. Uma história que continua a tecer mudanças e que prepara Natal para o futuro. Que Deus nos ilumine.
Guto de Castro é escritor
REFLEXÕES RIBEIRINHAS

Uma raça, cujo espírito não defende seu solo, idioma e cultura está condenada ao desaparecimento ou a tirania estrangeira. É preciso, para que isso não aconteça, defender nossas particularidades que faz da gente um povo, para que os de fora não nos diga o que pensar, falar e criar.


História

O Primeiro engenheiro Norte-rio-grandense chamou-se Daniel Pedro Ferro Cardoso.


ANÔNIMAS DA RIBEIRA
Adágio – O favor gera amigos; a verdade cria o ódio.
Sofrimento – Coração de brasileiro não bate, apanha.
Budog – Budog que late em casteliano não morde, bate.
Riso – Quem ri por último perdeu todo tempo que passou sem rir.
Vampiro – Em terra de vampiro, banco de sangue é lanchonete.
Sultão – Se preocupação fosse mulher, levaria uma vida de sultão

História
O historiador potiguar Câmara Cascudo explica assim a origem do nome do bairro:
Ribeira porque a praça Augusto Severo era uma campina alagada pelas marés do Potengi. As águas lavavam os pés dos morros. Onde está o Teatro Alberto Maranhão, tomava-se banho salgado em fins do século XIX. O português julgava estar vendo uma ribeira. O terreno era quase todo ensopado, pantanoso, enlodado. Apenas alguns trechos ficavam a descoberto nas marés altas de janeiro.

— Câmara Cascudo
História da Cidade de Natal
A Ribeira é berço de importantes personalidades natalenses. Lá viveram Café Filho, Câmara Cascudo, Henrique Castriciano, Ferreira Itajubá, Pedro Velho, Newton Navarro, Aderbal de França, Erasmo Xavier e Januário Cicco, entre outros.
Rua Chile
A Ladeira da Marpas (ao fundo) na Av. Gustavo Farias marca a divisão entre a Ribeira Histórica (parte baixa) e o Alto da Ribeira (parte alta).

Praça Augusto Severo, localizada na Ribeira Histórica.
Mas em 1838, lá existiam somente quatro ruas: a rua do Aterro, a rua Duque de Caxias, a rua Silva Jardim e a rua da Alfândega. A primeira é hoje conhecida como Junqueira Aires, enquanto a rua da Alfândega tornou-se rua do Comércio e desde 1932 é chamada de Rua Chile.
A Ribeira é o segundo bairro de Natal. No início, era conhecido como Cidade Baixa, em oposição ao bairro mais antigo, a Cidade Alta.
A partir de meados do século XIX, consolidou-se o comércio na região, de artigos que chegavam e partiam pelo rio Potenji,em uma relação negocial dominada por Pernambuco. Mais tarde, essa vocação da região para centro de comércio de mercadorias pelos navios se consolidaria com a conturbada construção do Porto de Natal.
Entre 1869 e 1902, a sede da Administração Provincial funcionou na Rua do Comércio (atual Rua Chile), na Ribeira, retornando em seguida para a Cidade Alta.
Em 1897, quando Natal só tinha os bairros da Ribeira e da Cidade Alta, Olympio Tavares, então vice-presidente da Intendência Municipal, fez realizar o primeiro censo demográfico da cidade, que apontou a existência de 2.800 moradores, na maioria solteiros e analfabetos. Outros censos foram depois realizados, sem jamais registrar população superior a esta.
Em 1905, foi inaugurada a Praça Augusto Severo, em homenagem ao norte-riograndense pioneiro da aviação. Alguns anos mais tarde, ela receberia estátuas de Nísia Floresta e do próprio Augusto Severo.
Por duas vezes, em 1930 e em 1933, um balão dirigível de fabricação

alemã, o Graf Zeppelin, sobrevoou Natal e jogou homenagens para o aeronauta potiguar sobre a praça que levava seu nome.
A praça recebeu melhorias e tornou-se importante ponto de encontro. Ao seu redor foram construídos prédios tradicionais, como o Teatro Carlos Gomes (hoje Teatro Alberto Maranhão), o Cine Polytheama (primeiro cinema de Natal), a Antiga Escola Doméstica de Natal (que também foi sede do Atheneu e da Faculdade de Direito), o Grupo Escolar Augusto Severo, o Colégio Salesiano São José, a Estação Rodoviária de Natal (hoje transformada em museu), e a Estação da Great Western.
No início do século XX, foi o primeiro bairro de Natal a receber iluminação pública.
Nos anos 1940, funcionava no bairro o mais importante hotel da cidade, o Grande Hotel, que hospedou importantes personalidades durante a Segunda Guerra Mundial. O bairro foi o núcleo do comércio da cidade, até perder espaço, após a Guerra, para a Cidade Alta e o Alecrim.
Em 1966, começaram a circular as balsas que faziam a travessia Natal-Redinha.
Em 1983, foi concluída a drenagem e o esgotamento sanitário do bairro, e em 1990, passou a integrar a Zona Especial de Preservação Histórica, juntamente com o bairro de Cidade Alta.
Na década de 1990, um projeto de revitalização incluiu a recuperação das fachadas dos imóveis da Rua Chile, e a ampliação da iluminação e do calçamento.

Atrações

Teatro Alberto Maranhão, na Ribeira
O Circuito Histórico, Turístico e Cultural da Ribeira compreende trinta atrações. Dele fazem parte:
• O Teatro Alberto Maranhão: um dos prédios mais belos da capital potiguar,

teve sua construção iniciada em 1898. De estilo art-nouveau, é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Rio Grande do Norte.
• O Centro Cultural Casa da Ribeira: ambiente que compreende uma sala de teatro, uma sala de artes visuais e uma sala de convivência, onde ocorrem saraus, conferências e lançamentos de livros.
• A Rua Chile: de noite agitada, local de eventos como o festival Música Alimento da Alma (Mada) e o Encontro Natalense de Escritores (ENE).
• O Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão: inaugurado em 2008, no prédio do antigo Terminal Rodoviário de Natal.
• As casas de personagens importantes do bairro, como a do ex-presidente Café Filho, a do poeta Ferreira Itajubá e a do médico Januário Cicco.
• A Praça Augusto Severo, e os monumentos e prédios históricos ao seu redor.
População
Em 2007, o bairro abrigava uma população de 2.110 pessoas,que residiam em 631 domicílios, ocupando uma área de 60,5 hectares.
Metade dos imóveis da Ribeira tem finalidade residencial e um terço dos domicílios é alugado.
Transporte e Segurança
O bairro abriga o Porto de Natal, e é servido por 48 linhas de ônibus. Possui seis delegacias especializadas, um batalhão de Polícia Militar e um centro de detenção provisória.
Educação
Cerca de 60% dos responsáveis por domicílios no bairro possuem mais de oito anos de estudo, e oitenta e dois por cento da população total do bairro é alfabetizada.
O Colégio Salesiano São José é a única instituição de ensino do bairro.
Economia


Entrada do Porto de Natal, na Ribeira
Das 620 empresas lá estabelecidas em 2006, cerca de 42% dedicavam-se ao comércio (sobretudo o varejista), 34% aos serviços e 24% à indústria.
O rendimento mensal médio dos moradores da Ribeira era de 11,29 salários mínimos em 2000,[2] maior do que a média do município de Natal e da Região Administrativa Leste [2]
No entanto, quase a metade da população vive em domicílios com renda de até cinco salários mínimos.[2]
No bairro está localizado um assentamento precário: a Favela do Maruim, que reúne 572 pessoas em 143 edificações.[2]

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